Janeiro Branco: a Importância do autocuidado materno e da saúde mental
Durante o ano todo devemos lembrar dos cuidados maternos. Mas, em Janeiro lembramos da importância do autocuidado. Este é o mês dedicado à reflexão sobre a saúde mental e emocional.
O movimento Janeiro Branco surgiu para conscientizar a sociedade sobre a importância de cuidar da mente tanto quanto cuidamos do corpo.
Como praticar o autocuidado materno? Nesse contexto, as mães merecem um olhar ainda mais atento, pois enfrentam desafios únicos e, muitas vezes, negligenciam a própria saúde em função das demandas da maternidade.
Ser mãe é uma experiência transformadora, mas também complexa. Desde a gravidez, as mulheres são imersas em um turbilhão de expectativas, cobranças e, por vezes, julgamentos. Quando o bebê chega, as responsabilidades aumentam exponencialmente, e o cansaço físico e emocional pode se tornar um peso invisível.
Autocuidado materno: como praticar
O autocuidado, que deveria ser um pilar essencial, acaba relegado ao último lugar na lista de prioridades.
É comum ouvir que, para cuidar bem de seus filhos, uma mãe precisa estar bem consigo mesma. Mas como colocar isso em prática quando há fraldas para trocar, almoços para preparar, noites maldormidas e, muitas vezes, uma carreira para conciliar?
O dilema do "tempo para si" frequentemente gera sentimentos de culpa. No entanto, é essencial entender que cuidar de si mesma não é um luxo, mas uma necessidade.
O desafio de cuidar de si enquanto cuida de outros
O autocuidado não se resume a momentos isolados de lazer, como ir ao salão de beleza ou fazer uma massagem (apesar de essas práticas serem válidas). Ele envolve, principalmente, cuidar da mente, do emocional e da identidade pessoal, que muitas vezes se perde na transição para a maternidade.
A maternidade pode ser um terreno fértil para o desenvolvimento de transtornos mentais, como depressão pós-parto, ansiedade, exaustão emocional e burnout parental.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que cerca de 10% das mulheres sofrem de depressão pós-parto em países de alta renda, enquanto nos países de baixa e média renda esse número pode chegar a 20%. (Aqui)
Esses números mostram a necessidade de se falar sobre o tema, quebrando tabus e promovendo o suporte adequado.
Reconhecer a importância da saúde mental materna é um ato de amor não apenas para a mãe, mas também para a família como um todo. Mães emocionalmente saudáveis têm mais condições de estabelecer relações afetuosas e seguras com seus filhos, o que impacta positivamente o desenvolvimento infantil.
Como praticar o autocuidado materno
Cuidar da saúde mental requer ações cotidianas que podem ser pequenas, mas significativas. Aqui estão algumas ideias que podem ajudar mães a priorizarem seu bem-estar:
Busque apoio: Conversar com outras mães, amigos ou familiares pode aliviar o peso de se sentir sozinha. Grupos de apoio ou redes sociais podem ser um bom início para trocas e desabafos.
Permita-se descansar: O sono é fundamental para a saúde mental. Peça ajuda ao seu parceiro ou familiares para garantir alguns momentos de descanso.
Pratique a autocompaixão: Substitua cobranças excessivas por gentileza consigo mesma. Aceite que nem todos os dias serão perfeitos e que é normal ter momentos de dificuldade.
Invista em terapia: Falar com um psicólogo pode ser libertador e trazer ferramentas importantes para lidar com os desafios da maternidade.
Encontre prazer nas pequenas coisas: Ler um livro, tomar um café quente ou caminhar ao ar livre podem ser formas simples de recarregar as energias.
O papel da sociedade no suporte às mães
A responsabilidade de cuidar da saúde mental das mães não deve recair apenas sobre elas.
Famílias, comunidades e políticas públicas precisam oferecer suporte. Licenças parentais mais amplas, acesso facilitado a cuidados psicológicos e programas de apoio à maternidade são fundamentais para criar um ambiente onde as mães possam florescer.
A sociedade também deve se esforçar para desconstruir mitos em torno da maternidade, como a ideia de que uma "boa mãe" deve sacrificar-se integralmente. Humanizar a experiência materna significa reconhecer que as mães são indivíduos com necessidades e sonhos próprios, além de seus papéis como cuidadoras.
Janeiro Branco: um convite à reflexão
O Janeiro Branco é um convite para todas as mães refletirem sobre suas próprias vidas. Você está cuidando de si como merece? Suas emoções têm espaço para serem expressas?
Este é o momento de priorizar sua saúde mental, de pedir ajuda quando necessário e de abraçar a jornada da maternidade com mais leveza e amor por si mesma.
Lembre-se: cuidar de você não é egoísmo; é uma prova de amor pelos seus filhos, que aprendem com seu exemplo o valor do autocuidado e do respeito próprio. No mês dedicado à saúde mental, faça desse compromisso uma prioridade. Sua mente e seu coração agradecem.
*Geovanna Tominaga é jornalista e escritora, educadora parental, especialista em Neurociência, Educação e DesenvolvimentoInfantil. Estudante de Psicopedagogia e mãe do Gabriel.
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