Como anda a saúde intestinal do seu filho? Esse é um tema que está sempre nas rodas de mães, principalmente dos filhos pequenos. E as fotos de fraldas que lotam as mensagens dos pediatras? Então vamos lá que esse assunto é muito importante.
Você sabia que a evacuação dos bebês que tomam leite materno pode não ser regular? Esses bebês podem evacuar várias vezes ao dia, uma vez ao dia ou ficar até 10 dias sem evacuar e não ter constipação. Sim, você não leu errado. É isso mesmo 10 dias! Isso acontece porque nesses casos, o leite materno é muito bem absorvido e daí, não sobra muito para formar o bolo fecal mesmo. Já os bebês que fazem aleitamento misto ou que só tomam fórmula, devem sim evacuar todos os dias uma ou várias vezes ao dia.
"Hoje já se fala em intestino como segundo cérebro e não mais como um órgão somente de digestão, absorção e transporte de nutriente, afinal nele encontramos 500 milhões de células nervosas, o chamado sistema nervoso entérico".
A partir do momento em que o bebê começa a ingerir sólidos, no período de introdução alimentar, a consistência e o odor das fezes mudam bastante, pois o bebê já começa a ter uma alimentação mais variada, com vários tipos de proteínas e fibras que passam pelo processo de digestão. Esse processo é realizado por enzimas estomacais e pancreáticas, ácido gástrico, assim como por bactérias intestinais.
Já na primeira infância, com a recusa ou com a “não oferta” de alimentos variados, ricos em fibras como legumes, folhas (refogadas e cruas) e frutas, acompanhada da menor ingestão de água (suco não conta), muitas vezes surge a tão temida constipação intestinal. Essa é uma condição em que a evacuação fica difícil e as fezes ficam ressecadas, podendo causar gases, desconforto e dor abdominal. Ela pode também ser um fator importante para irritabilidade e perda de apetite, como também pode causar um desequilíbrio entre as bactérias boas e ruins no intestino (disbiose intestinal).
Essa condição promove uma permeabilidade intestinal, onde proteínas inteiras e toxinas produzidas por fungos e bactérias patogênicas, isto é, que causam doenças, podem ser absorvidas, causando prejuízos à saúde. Além disso, essa disbiose também pode comprometer a absorção de nutrientes e sobrecarregar o sistema imunológico, afetando diretamente a imunidade da criança. Um fato relacionado às defesas do nosso corpo é que 70% das células do nosso sistema imunológico estão no intestino, é por ali a porta de entrada de vários microorganismos que podem causar doença e também o contato com o nosso primeiro exército de defesa.
Agora imagine uma criança por volta de 3 anos, que vai para a escola pela primeira vez e vai ter contato com vírus e bactérias que não está acostumada e apresenta uma saúde intestinal ruim. Ela estará mais suscetível a infecções de repetição, pois seu sistema imune intestinal pode estar comprometido.
ALIMENTAÇÃO EQUILIBRADA
Dá pra perceber porque é tão importante oferecer todos os grupos de alimentos diariamente, de forma variada e na freqüência orientada pelo seu nutricionista. As fibras desses alimentos são a comidinha das bactérias intestinais, absorvem água e aumentam o bolo fecal. Mas fazer somente isso, não adianta. Tomar água é fundamental! Aumentar fibras na alimentação sem a ingestão de água pode causar efeito contrário e piorar o quadro de constipação.
Hoje já se fala em intestino como segundo cérebro e não mais como um órgão somente de digestão, absorção e transporte de nutriente, afinal nele encontramos 500 milhões de células nervosas, o chamado sistema nervoso entérico. Estudos mostram que o intestino tem influência sobre as emoções, o sono e o comportamento. Um desequilíbrio no funcionamento intestinal pode servir de gatilho para várias doenças. Por isso ele é considerado um órgão da maior importância, mas isso é um assunto para outra conversa…
*Vanessa é nutricionista especialista em Nutrição Materno-Infantil e Nutrição Clínica, com foco em atendimento Pediátrico, Tentantes, Gestantes e Lactantes
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