

Queimadura de sol: o que fazer?
A queimadura de sol é resultado da exposição excessiva aos raios solares. Pode trazer complicações à saúde das crianças. Saiba o que fazer!
+publicidade+
Profissão mãe: entre a performance e a sobrecarga
Ser mãe é um trabalho. Mais do que um papel ou função, a maternidade hoje se equipara a um ofício que exige dedicação, planejamento, resiliência e, como em muitos empregos contemporâneos, entrega de resultados.
No entanto, diferente das profissões formais, não há pausas, salários ou férias, e a cobrança – quase sempre internalizada – ultrapassa os limites do bom senso.
Essa realidade, alimentada pelo acesso constante à informação, somada à pressão social e às expectativas pessoais, tem levado muitas mães a níveis preocupantes de exaustão, e até mesmo ao burnout parental.
Há algumas décadas, a definição de uma "boa mãe" era relativamente objetiva: alimentar, cuidar da higiene, educar e transmitir valores. Embora já houvesse desafios, eles estavam mais atrelados à sobrecarga física.
Atualmente, com o avanço da ciência, da tecnologia e da disseminação de informações, o papel materno se expandiu para abarcar preocupações com o desenvolvimento físico, mental e emocional dos filhos.
Termos como "salto de desenvolvimento", "higiene do sono", "introdução alimentar BLW" e "autonomia emocional" estão no vocabulário de muitas mães, transformando tarefas antes simples em verdadeiras jornadas de aprendizado e autossuperação.
O problema surge quando essas demandas ultrapassam os limites do possível. A sobrecarga que antes era predominantemente física tornou-se também mental, gerando um efeito cumulativo que afeta diretamente a saúde das mães.
O burnout parental é um estado de exaustão física, emocional e mental causado pelas
demandas excessivas da criação de filhos.
Um estudo da Frontiers in Psychology (aqui) revelou que o burnout parental afeta cerca de 12% dos pais, sendo as mães as mais vulneráveis devido à divisão desigual de responsabilidades domésticas e parentais.
Os principais sintomas incluem:
● Fadiga extrema, que não melhora com o descanso.
● Sensação de incompetência, como se nunca fosse suficiente.
● Apatia ou distanciamento emocional, dificultando a conexão com os filhos.
● Irritabilidade constante, mesmo em situações cotidianas.
Essa condição vai além da exaustão comum. Enquanto a exaustão (sinal amarelo) pode ser aliviada com mudanças pontuais na rotina, o burnout (sinal vermelho) exige intervenção mais profunda, muitas vezes com apoio terapêutico.
O ritmo frenético da sociedade contemporânea é um dos maiores vilões.
O fácil acesso a redes sociais e plataformas de informação inundou as mães com conteúdos que muitas vezes mais confundem do que ajudam.
A comparação entre maternidades, alimentada por imagens idealizadas de famílias perfeitas, gera uma sensação de insuficiência que afeta a autoestima.
Outro ponto crítico é a ideia de que a mãe deve ser a principal responsável pelos cuidados dos filhos. Essa visão sobrecarrega as mulheres e perpetua uma desigualdade que não reflete mais as dinâmicas sociais. A falta de envolvimento paterno em responsabilidades cotidianas também contribui para o esgotamento.
Como lidar com a sobrecarga?
A boa notícia é que é possível minimizar os impactos dessa sobrecarga. Aqui estão algumas dicas para começar:
Reconheça seus limites: Nem tudo precisa ser perfeito. Aceitar que é impossível atender a todas as expectativas é libertador.
Pratique o consumo consciente de informações: Pergunte-se o que realmente cabe na sua realidade e descarte o que não agrega.
Evite comparações: Lembre-se de que o que aparece nas redes sociais é apenas uma fração da realidade.
Busque autoconhecimento: Entender suas emoções e necessidades é essencial para criar estratégias de enfrentamento.
Compartilhe responsabilidades: Envolva o parceiro e outros familiares nos
cuidados. A paternidade ativa é um direito dos pais e uma necessidade das mães.
Desenvolva redes de apoio: Construa relações práticas e empáticas com outras mães, amigos ou profissionais.
Repensar a maternidade significa, acima de tudo, rever papéis. A responsabilidade de cuidar não deve ser exclusivamente feminina. É urgente promover uma paternidade ativa, redistribuir tarefas e desmistificar a ideia de que a mãe precisa dar conta de tudo.
Reconhecer a maternidade como um trabalho complexo, sem padrão ouro, é o primeiro passo para ressignificar a experiência. Há uma imensidão de possibilidades no maternar, e nenhuma delas precisa seguir um roteiro pré-definido.
Respeitar a sua história, os seus limites e a sua essência é a base para uma maternidade mais leve e autêntica. Lembre-se: o trabalho de ser mãe não precisa ser solitário. Ao compartilhar suas vivências e buscar apoio, você estará não apenas se fortalecendo, mas também contribuindo para a construção de uma sociedade que valoriza, respeita e acolhe as mães em todas as suas jornadas.
*Alessandra Caroni é Psicanalista Clínica, especialização em Terapia Perinatal e Puerpério Emocional, com aprofundamento em temas como o acolhimento de bebês e pais prematuros. Certificada em "Maternidade em Crise" e em Acolhimento e Escuta à população LGBTQIAP+ ( RP 782/ ANTPC ).
Conheça o primeiro livro infantil de Geovanna Tominaga
Eu sou Geovanna Tominaga, jornalista, educadora parental, especialista em neurociência, educação e desenvolvimento infantil. Sou estudante de psicopedagogia e mãe do Gabriel.
Apaixonada por comunicação, criei o "Conversas Maternas" pra compartilhar dicas e informações sobre maternidade e desenvolvimento infantil na Primeira Infância para uma parentalidade mais consciente.
Visite também o meu canal no Youtube e Instagram.
Comments