Seletividade alimentar: meu filho não come
- Da redação

- 31 de out.
- 4 min de leitura

"Meu filho não come! E agora?" Você prepara a refeição com todo carinho, coloca o prato à frente da criança, e ela simplesmente diz “não quero”.
Ou pior: só aceita comer arroz, batata e macarrão, recusando qualquer alimento novo. Se essa cena soa familiar, respire. Você não está sozinha.
A seletividade alimentar é um dos temas que mais preocupam pais e mães nos primeiros anos da infância. Mas afinal, o que é seletividade alimentar? Quando ela passa a ser um problema? E o que fazer quando o seu filho parece viver de vento?
O que é seletividade alimentar?
Segundo a nutricionista materno-infantil Vanessa Monteiro, a seletividade alimentar é uma dificuldade que envolve a recusa persistente de certos alimentos, texturas, cores ou grupos alimentares inteiros.
“Nem sempre é birra. Em muitos casos, a criança realmente não consegue aceitar aquele alimento — seja por sensibilidade, por experiências anteriores ou por questões neurológicas.”— Vanessa Monteiro, nutricionista materno-infantil
É importante entender que nem toda recusa é um problema. Durante o desenvolvimento, por volta dos dois anos de idade, a criança passa por uma fase natural de escolhas e autonomia, conhecida como “seletividade fisiológica”.
Ela começa a decidir o que quer vestir, onde quer sentar — e o que quer comer.Mas quando a recusa se torna persistente, causa deficiências nutricionais ou impacta a rotina familiar, é hora de olhar com mais atenção.
Assista ao episódio completo com a nutricionista Vanessa Monteiro
De quem é a culpa?
Se o seu filho está comendo mal, não é culpa sua. Muitas mães carregam uma sensação de falha, acreditando que “não estão dando conta” ou que “fizeram algo errado”. Mas como explica Vanessa Monteiro, a alimentação infantil é uma construção conjunta — que envolve ambiente, rotina, exemplos e vínculo afetivo.
“A função da mãe não é fazer o filho comer. É oferecer o alimento, no ambiente certo, com amor e paciência. A criança come porque quer — não porque é obrigada.”— Vanessa Monteiro
Quando a comida vira um campo de batalha, ninguém ganha.Transformar o momento da refeição em uma experiência positiva e previsível ajuda a criar segurança e curiosidade alimentar.
A introdução alimentar é o início de tudo

A seletividade alimentar, muitas vezes, tem origem lá atrás — na introdução alimentar. Esse período, que começa por volta dos seis meses de vida, não é um evento, e sim um processo. É quando a criança começa a construir sua relação com a comida.
De acordo coma nutricionista, o papel dos pais nessa fase é oferecer variedade, respeitar os sinais de fome e saciedade, e — principalmente — não desistir de apresentar alimentos que foram recusados. “Se você tira o alimento da rotina da criança, ela perde a oportunidade de aprender a gostar.Reapresentar é fundamental.”, explica.
Estudos mostram que um alimento pode precisar ser oferecido entre 8 e 15 vezes até ser aceito. Portanto, paciência e consistência valem mais do que insistência.
Quando a seletividade é mais que comportamento
Em alguns casos, a seletividade alimentar está associada a questões sensoriais ou neurodivergências, como autismo (TEA) ou TDAH. Crianças com maior sensibilidade tátil e oral podem rejeitar certas texturas, cheiros ou temperaturas, o que torna a alimentação um desafio real.
Nesses casos, o ideal é buscar um acompanhamento multidisciplinar, que envolva nutricionista, pediatra, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e psicólogo.O tratamento não é apenas sobre o que colocar no prato, mas sobre como ressignificar a experiência de comer.
O papel da escola e dos cuidadores na selevidade alimentar

A alimentação infantil não acontece apenas em casa. A escola é um espaço essencial nesse processo, e pode ser uma grande aliada das famílias.
Quando os amigos comem juntos, o exemplo conta mais do que qualquer discurso. A escola também ensina a comer.
Permitir que a criança participe das refeições escolares, mesmo que inicialmente recuse, é uma forma de exposição positiva.Ver os colegas comendo o mesmo alimento desperta curiosidade e reduz a ansiedade.
Mas para isso funcionar, é fundamental que pais e escola estejam alinhados.Combinar estratégias, respeitar os limites da criança e não reforçar rótulos (“ele é difícil pra comer”, “ela não gosta de nada”) faz toda a diferença.
Dicas práticas para lidar com a seletividade alimentar
Ofereça sem pressionar. Coloque o alimento no prato, mesmo que a criança diga “não quero”. Ver e cheirar já é um passo.
Dê o exemplo. Crianças aprendem observando. Coma com ela, converse sobre o sabor, sem forçar.
Evite telas nas refeições. Comer é um ato social — e requer presença.
Respeite o tempo da criança. Forçar pode gerar trauma e reforçar a recusa.
Mantenha a rotina. Horários previsíveis ajudam o corpo e o cérebro a se prepararem para comer.
Reapresente os alimentos. Mudanças na textura ou na forma de preparo podem ajudar.
Peça ajuda profissional. Se o problema persistir, procure um nutricionista materno-infantil.
Comer é sobre vínculo, não apenas nutrição
Mais do que nutrientes, a alimentação é sobre afetos, segurança e conexão.É sobre sentar à mesa, olhar nos olhos, compartilhar histórias e fortalecer o laço entre pais e filhos.
Quer entender mais sobre seletividade alimentar? Assista ao episódio completo do Podcast Conversas Maternas #05 – Quem tem medo da Seletividade Alimentar, com Geovanna Tominaga e Vanessa Monteiro, disponível no YouTube:👉 Assista agora
Toda quarta-feira, às 20h, um novo episódio sobre maternidade, infância e parentalidade consciente.
*Da redação do Conversas Maternas



























Comentários