A birra e o cérebro da criança
- Samantha Valdívia

- 21 de mar.
- 3 min de leitura
O que acontece no cérebro da criança durante a birra – e como os adultos podem ajudar?

Quando uma criança está passando por um comportamento desafiador (birra), o sistema nervoso dela, especialmente a amígdala (responsável por processar emoções), entra em alerta.
O grito de um adulto pode intensificar essa resposta emocional, gerando um pico de estresse momentâneo.
Nesse momento, a produção de cortisol no corpo da criança tende a aumentar, tornando-a mais ansiosa e resistente ao diálogo e acolhimento. A amígdala é ativada e bloqueia a capacidade da criança de raciocinar de maneira lógica e equilibrada.
Contudo, o acolhimento ativa o sistema de recompensa no sistema nervoso da criança, especificamente o sistema que libera os famosos “hormônios da felicidade”: dopamina e oxitocina.
Esses neurotransmissores promovem segurança e conexão emocional, permitindo que a criança se acalme mais rapidamente.
A birra e o cérebro da criança

Quando a criança é acolhida com empatia, seu sistema nervoso consegue regular melhor as emoções e retomar o equilíbrio, facilitando a resolução do conflito de forma tranquila e saudável.
Como agir durante a birra? O adulto pode ajudar a criança de forma eficaz ao adotar uma abordagem calma, empática e estratégica.
Veja algumas ações importantes:
Manter a calma: O adulto deve controlar suas próprias emoções, evitando gritar ou reagir com frustração. As crianças tendem a espelhar as emoções dos adultos ao seu redor.
Validar e acolher os sentimentos: Demonstre empatia, dizendo algo como "Eu vejo que você está muito irritado agora". Isso ajuda a criança a se sentir compreendida e pode diminuir a intensidade emocional do momento.
Estabelecer limites claros e consistentes: Ofereça apoio emocional, mas seja firme nos limites, explicando de forma calma o que é aceitável e o que não é.
Oferecer um espaço seguro: Permita que a criança se acalme em um ambiente tranquilo, longe da situação que gerou a birra.
Usar a respiração e técnicas de relaxamento: Incentive a criança a respirar profundamente ou a contar até dez.
Mostrar afeto físico, se apropriado: Um abraço ou um toque suave pode transmitir segurança, desde que a criança esteja receptiva.
Distrair ou redirecionar: Após a criança começar a se acalmar, tente mudar o foco para outra atividade.
Esperar o tempo da criança: Permita que ela tenha um momento para processar suas emoções e voltar ao seu estado emocional normal.
Com essas ações, o adulto ajuda a criança a gerenciar emoções, fortalece o vínculo de confiança e oferece um modelo saudável de regulação emocional.
A importância da autorregulação do adulto
A autoconsciência do adulto é fundamental para lidar com a birra de forma eficaz e empática. Identificar as próprias emoções ajuda o adulto a evitar reações impulsivas, como gritar: Perceber o que gera frustração ajuda o adulto a escolher uma abordagem ponderada e compassiva. Compreender que a birra pode ser um reflexo de necessidades emocionais não atendidas.
Outros benefícios da autoconsciência:
Capacidade de adaptação: Ajustar a abordagem conforme o que funciona melhor para cada criança.
Exemplo de autorregulação: O adulto que demonstra controle emocional ensina a criança a fazer o mesmo.
Evitar punições impulsivas: Focar em estratégias de acolhimento, ao invés de reações rígidas e punitivas.
A autoconsciência permite uma resposta equilibrada e compassiva, promovendo um ambiente seguro e afetivo para a criança. Isso fortalece os laços familiares e contribui para uma relação emocionalmente saudável, trazendo benefícios para o presente e para o futuro.
*Samantha Valdívia é pedagoga, pós-graduada em Neuropsicopedagogia, mãe da Julia e do Caio, trabalha desde 2015 com crianças na Educação Infantil e como professora de Inglês. Fez cursos e formações nas áreas de Inteligência Emocional para Crianças, formação em Yoga para Educação, Psicologia da Felicidade e Bem-estar e TiNis: Infância na Natureza.



























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