Alergia é um assunto que sempre preocupa os pais. Quando se trata do leite que é um alimento comumente consumido pelas crianças, surgem muitas dúvidas. Então, já começo dizendo que APLV, que é a alergia à proteína do leite de vaca, não é a mesma coisa que Intolerância a lactose. Não confunda!
Dito isto, é preciso entendermos o que significa cada uma dessas condições e suas diferenças. A alergia é uma reação exagerada do sistema imune à uma proteína ou a componentes de uma proteína presente em algum alimento. E no nosso caso aqui, estamos falando do leite. Lembre-se sempre que alergia à lactose não existe, pois a lactose é o açúcar do leite, um carboidrato e não uma proteína.
ENTENDENDO A APLV
O bebê que tem alergia à proteína do leite de vaca pode ter várias manifestações clínicas como: assadura recorrente, refluxo, sangramento nas fezes, choro excessivo pela dor e desconforto causada pelo refluxo e até dificuldade de dormir. Neste caso, independe da quantidade de leite ou derivados consumida, já pode ocorrer alguma reação. Quando o bebê consome somente leite materno, a mãe deve fazer uma dieta de retirada de produtos lácteos da alimentação por no mínimo 4 semanas, para que se observe uma melhora no quadro clínico do bebê.
CUIDADOS
Como a reação acontece independentemente das quantidades ingeridas e a proteína do leite pode passar para o bebê pelo leite materno, é necessário:
Ler rótulo dos alimentos industrializados. Nesse caso, a reação se deve à exposição à proteína do leite. Portanto,não adianta consumir produtos sem lactose. Não, eles não são a mesma coisa.
Evitar comer fora de casa para que não haja contaminação cruzada de ingredientes do restaurante. Exemplo: uma chapa untada de manteiga usada para grelhar um frango. Ou, que não se corra o risco de que haja ingredientes derivados de leite em alguma preparação.
Para que não haja prejuízo nutricional para a mamãe, é necessária a suplementação de cálcio. Existem pesquisas que observaram uma correlação entre a deficiência materna de cálcio no período de lactação e a maior ocorrência de osteopenia e osteoporose anos mais tarde.
Atenção! Outro fator importante, é que como a APLV apresenta sintomas que são muito desconfortáveis tanto para o bebê, como para a família, e esses sintomas demoram um pouco para estabilizarem, existe uma tendência a retirada de outros alimentos no processo. Não faça isso sem orientação, porque para esses alimentos retornarem à rotina, será muito mais complicado. Lembre-se, uma alimentação restritiva não é fácil de ser mantida.
"A APLV tende a regredir com o passar do tempo, por volta de 1 a 2 anos. Normalmente é observada somente na infância."
INTOLERÂNCIA À LACTOSE
Já quando falamos de intolerância à lactose é algo bem diferente. Lembra que eu disse no início desse texto que alergia à lactose não existe porque a lactose é o açúcar do leite, um carboidrato e não uma proteína? Para que a lactose possa ser absorvida, ela precisa ser digerida (quebrada) em glicose e galactose. Esse processo é feito por uma enzima chamada lactase. Quando existe uma deficiência dessa enzima, a lactose se acumula no intestino e causa manifestações clínicas bem desconfortáveis como: gases, dor abdominal e diarreia.
LACTOSE E O LEITE MATERNO
Bebês amamentados ao seio tem uma vantagem nesses casos, pois o leite materno também tem lactose, mas possui outros componentes que facilitam a digestão desse açúcar, sendo assim, ele não provoca esses sintomas no bebê. Ao contrário da alergia, existem níveis de tolerância para o consumo de lactose. Pode ser que a criança tolere consumir pequenas quantidades de lactose, depende da produção da lactase no intestino da criança. Por isso, nesses casos, alguns vão ter manifestações clínicas ao consumir poucas quantidades de produtos lácteos e outros somente se consumirem grandes porções.
ATENÇÃO! Na intolerância à lactose, produtos sem lactose, lacfree podem ser consumidos e isso não acontece na APLV. Outra grande diferença é que a intolerância à lactose não diminui com o tempo. A criança levará essa condição ao longo dos anos.
Em ambos os casos é necessária a orientação de um médico e um nutricionista para melhor evolução dos quadros, orientação de suplementação e estratégias para conseguir fazer uma substituição sem prejuízos para a saúde.
*Vanessa Monteiro é nutricionista especialista em Nutrição Materno-Infantil e Nutrição Clínica, com foco em atendimento Pediátrico, Tentantes, Gestantes e Lactantes.
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